Sair do aluguel e comprar a casa própria é o sonho de muitos brasileiros. E uma das formas mais utilizadas para a concretização desse sonho é o financiamento habitacional. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip) revelam que os financiamentos habitacionais bateram recorde histórico ano passado e cresceram 58% em relação a 2019, mesmo em um cenário de pandemia. O total em imóveis financiados no ano chegou a R$ 123,9 bilhões, número que supera os R$ 112,9 bilhões registrados em 2014, ano recorde até então. A medição é realizada pela Abecip desde 1994. Dos 12 meses de 2020, dezembro foi o que apresentou melhor resultado, com valor acumulado de R$ 17,4 bilhões – 26,2% a mais que o mês anterior e mais que o dobro em relação a dezembro de 2019, quando o valor foi de R$ 8,6 bi.
Todos os estados brasileiros tiveram aumento no número de financiamentos de imóveis, segundo a Abecip. Encabeçam a lista Tocantins (132%), Distrito Federal (121%), Alagoas (94%), Roraima (94%) e Minas Gerais (79%). No Paraná, o crescimento foi de 37% em relação a 2019. As menores altas foram de Amapá (26%), Piauí (31%), Bahia (32%) e Acre (35%).
Os números positivos também foram percebidos pelas construtoras. Com 90% dos imóveis de seu portfólio comercializados via financiamento habitacional, a Realmarka Construções, de Curitiba, registrou 59% de crescimento nas vendas ano passado, em relação a 2019. “Essa alta se deve aos incentivos do Governo, como a baixa na taxa de juros, e a facilidade no próprio processo de financiamento. Esses foram atrativos que impulsionaram os clientes a fecharem negócio e realizar o sonho da casa própria, mesmo em um cenário de pandemia como vivemos”, explica a diretora comercial da empresa, Kalliany Real.
Criado em meados da década de 60 pela Lei nº 4.380/64, o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), é o modelo de negócio mais utilizado pelos brasileiros para aquisição da casa própria. O projetista Luiz Gustavo Cipola Oliveira e sua esposa Marina Oliveira compraram em novembro do ano passado um apartamento no Bairro Alto, em Curitiba. O modelo de negócio escolhido foi o financiamento habitacional. “Foi o jeito mais rápido que achamos para começar a pagar algo que é nosso e parar de pagar aluguel”, conta Luiz. O casal deu um valor de entrada, e financiou o restante em 420 parcelas, que começarão a ser pagas a partir da entrega das chaves, em abril de 2022. “No nosso caso se tornou vantajoso porque conseguimos garantir o imóvel próprio na localidade que a gente queria, de forma mais agilizada do que se fizéssemos uma carta de crédito em consórcio, por exemplo”, afirma o projetista.
O empresário Leonardo Harger Finardi concretizou o negócio também em novembro do ano passado. Para ele, que vai receber as chaves do seu novo apartamento em abril do ano que vem, morar no imóvel próprio é a realização de um sonho. “O financiamento habitacional permitiu a realização desse sonho, pois é a maneira mais fácil de adquirir um imóvel novo com pouco investimento”, resume.